10/8/1912, Itabuna (BA)
6/8/2001, Salvador (BA)
Jorge Amado de Faria nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do
"coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi com apenas
um ano para Ilhéus, onde passou a infância. Mudou-se para Salvador, onde passou
a adolescência e entrou em contato com muitos dos tipos populares que marcaria
sua obra.
Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos
fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do
Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das
letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia",
época em que também escreveu na revista literária "A Luva".
Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da
novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison
Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931),
"Cacau" (1933) e "Suor" (1934).
Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de
Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceu a profissão de advogado. Em
1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944,
escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães
de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos
Ilhéus".
Em parte devido ao exílio no regime
getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50)
e em Praga (1951-2).
Voltando para o Brasil durante a Segunda
Guerra Mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra", no
jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o
diário "Hoje" (1945). Anos depois, no Rio, participou da direção do
semanário "Para Todos" (1956-8).
Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro, por São
Paulo, tendo participado da Assembléia
Constituinte de 1946 e
da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi
responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958,
escreveu "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e
"Gabriela, Cravo e Canela".
Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de
Letras (sucedendo Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou as obras
"Os Velhos Marinheiros" (que compreende duas novelas, das quais a
mais famosa é "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água"), "Os
Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda
dos milagres". Nos anos 1970, vieram "Teresa Batista Cansada de
Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de
Dormir".
Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o
cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos, não só
no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia,Alemanha, Polônia, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Itália e EUA.
Seus últimos
livros foram "Tocaia Grande" (1984), "O Sumiço da Santa"
(1988) e "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).
Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças de teatro,
histórias infantis e até um guia de viagem. Sua esposa, Zélia Gattai,
é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para
Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de
Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O
Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo
e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.
Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi
cremado, e as cinzas, colocadas ao pé de uma mangueira em sua casa.
Jéssica Faria
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