terça-feira, 4 de setembro de 2012

Graciliano Ramos - Um dos maiores escritores brasileiros do século XX.

Graciliano Ramos 

        Nascido em 27 de outubro de 1892, em Quebrângulo, sertão de Alagoas, era o primeiro dos dezesseis filhos de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Cresceu nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE) enfrentando não só a seca, mas também as surras aplicadas pelo pai, fato que o fez acreditar desde cedo que todas as relações humanas se movem pela violência.
        Graciliano Ramos atuou como revisor e escritor em diversos jornais e revistas pelos lugares em que passou. Em 1904 criou o jornal o Dilúculo, dedicado às crianças; participou do Echo Viçonsense, no qual trabalhava com o redator Mário Venâncio, seu mentor intelectual, e cujo suicídio em fevereiro de 1906, pôs fim ao respectivo jornal. Em 1905 freqüentou por pouco tempo o Colégio Quinze de Março, em Maceió. Em todos os jornais em que colaborou, Graciliano adotou diversos pseudônimos, tais como: Feliciano de Olivença (com o qual começou a publicar sonetos na revista O Malho), Almeida Cunha, S. de Almeida, Soares Lobato, Soares de Almeida Cunha e Lambda. Em 1910 o Jornal de Alagoas, do qual também era colaborador, move um inquérito literário contra o escritor. Em outubro do mesmo ano Graciliano muda-se para Palmeira dos Índios, aonde após diversas idas e vindas, casa-se com Maria Augusta Ramos em 1915. Após cinco anos, em 1920 faleceu sua esposa, deixando-o com quatro filhos pequenos.
        Graciliano é eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios em 1927 e empossado no ano de 1928. Em 1932, renuncia ao cargo de prefeito e muda-se para Maceió onde é nomeado diretor da Imprensa Oficial; casa-se com Heloísa Medeiros, e colabora com jornais sob o pseudônimo Lúcio Guedes. Após um curto período, pede demissão do cargo e retorna para Palmeira dos Índios, funda uma escola no interior da sacristia da igreja Matriz e escreve os primeiros capítulos de São Bernardo. Em 1933 lança seu primeiro livro, "Caetés", que vinha escrevendo desde 1925. Em 1934, falece seu pai em Palmeira dos Índios.
        Em 1936, acusado informalmente de ter conspirado no mal sucedido levante comunista de novembro de 1935, é demitido. Preso em Maceió, é levado para Recife de onde embarca para o Rio de janeiro com outros 115 presos. Permaneceu preso no Rio até 1937, passando pelo Pavilhão dos Primários da Casa de detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios, na Ilha Grande retornou a Casa de Detenção e finalmente passou pela Sala da Capela de Correção. Em agosto de 1937 é lançado seu livro "Angústia" que recebe no mesmo ano o prêmio Lima Barreto pela Revista Acadêmica. Ainda em 1937 é libertado e passa a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro. A Revista Acadêmica lança uma edição especial que traz treze artigos sobre o escritor.


        Recebe o prêmio Literatura Infantil do Ministério da Educação por "A Terra dos meninos pelados". "Vidas Secas", seu mais famoso romance é publicado em 1938 e no ano seguinte o escritor é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.
        Recebe em 1942 o prêmio Felipe de Oliveira pelo conjunto de sua obra, por ocasião da comemoração de seus 50 anos. Publica o livro Brandão entre o mar e o amor, escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz.     
       Sua mãe falece em 1943, também em Palmeira dos Índios. Em 1944 seu livro "Angústia" é publicado no Uruguai. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista e lança os livros "Dois dedos" e "Infância,' este último um livro de memórias. Nesse período, Antônio Cândido publica uma série de cinco artigos sobre a obra de Graciliano Ramos no jornal Diário de São Paulo ao qual Graciliano responde por carta, material este que é transformado no livro "Ficção e Confissão". Em 1951 é eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores, sendo reeleito em 1952. Em abril deste mesmo ano vai a Tcheco-Eslováquia e a Rússia em companhia de sua segunda esposa, onde tem alguns de seus romances traduzidos. Passam também pela França e por Portugal. Retorna em 16 de junho, já doente, e decide seguir para Buenos Aires na Argentina onde passa a tratar dos problemas pulmonares, em setembro do mesmo ano. Passa por uma cirurgia, mas os médicos não lhe garantem muito tempo de vida.
        Os 60 anos de Graciliano Ramos são lembrados em sessão solene na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras, na qual falaram sobre sua obra Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos. É internado em 1953, na Casa de Saúde e Maternidade São Vitor, onde falece vítima de câncer no dia 20 de março. É publicado o livro "Memórias do Cárcere" sem o capítulo final, o qual Graciliano não chegou a concluir. Seus livros "São Bernardo" e 'Insônia" são publicados em Portugal em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas Secas" recebe o prêmio Fundação William Faulkner na Virginia, USA. Em 1963 é lembrado pela exposição Retrospectivas das Obras de Graciliano Ramos, na cidade de Curitiba (PA), por ocasião do aniversário de 10 anos de sua morte e pela Exposição Graciliano Ramos, realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Em 1965 e 1970, são publicados em Portugal os romances "Caetés" e "Memórias do Cárcere" respectivamente. Nelson Pereira dos Santos adapta para o cinema os livros "Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere" em 1963 e 1983, sendo que o primeiro obtém os prêmios Catholique International du Cinema e Ciudad de Valladolid (Espanha).

Por: Mayara Navas Bortolli

Um comentário:

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