terça-feira, 11 de setembro de 2012

Vida e  Obra de RACHEL DE QUEIROZ



     Rachel de Queiroz  nasceu na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz. A sua bisavô materna era prima de José de Alencar, a literatura além de estar presente em sua alma também estava no sangue.
     A sua família fugindo da seca nordestina transfere-se para o Rio de Janeiro em julho de 1917. No mesmo ano viajam para o Belém do Pará e depois de dois anos retornam para o Ceará.
    Em 1925, aos 15 anos de idade, se formou professora. Em 1927, com o pseudônimo de “Rita de Queluz” começa a escrever cartas para o jornal “O Ceará”. O diretor do jornal Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, Daniel de Queiroz, a convidou a colaborar no jornal. Rachel de Queiroz foi escolhida a “Rainha dos Estudantes ”, premiação que ela mesma questionava.
    O seu trabalho de colaboração no jornal se amplia e passa a organizar a página de literatura do jornal. Em 1930, esteve de repouso para tratar de um problema pulmonar, nesta época escreveu o livro “O Quinze” romance que descrevia sobre a seca no nordeste.
     Seus pais patrocinaram a primeira edição do livro, perante o sucesso local a autora enviou o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, recebendo o elogio de Mário de Andrade. Em 1932, casa-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira.
     Nesta época o seu segundo romance “João Miguel” foi vetado pelo Partido Comunista, a escritora rompeu com o partido e lançou a obra pela editora Schmidt, no Rio de Janeiro.
Em 1937, lançou “Caminho de Pedras”, pela editora José Olympio que a editaria até 1992. Durante o Estado Novo, seus livros foram queimados e a escritora é detida por três meses no quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.
     Em 1939, divorcia-se de seu marido, lança o romance “As Três Marias” e em 1940 conhece o médico Oyama de Macedo, com quem vive até 1982. Torna-se cronista exclusiva da revista “O Cruzeiro” deixando de escrever para jornais.
Em 1992, publica “Memorial de Maria Moura”, adaptada pela TV Globo em 1994, no formato de minissérie. Faleceu no dia 4 de novembro de 2003.


Algumas Obras de Rachel de Queiroz:

O Quinze (1930)
Caminho de Pedras (1937)
As Três Marias (1939)
A Donzela e A Moura Morta (1948)
Lampião (1953)
A Beata Maria do Egito (1958)
O Brasileiro Perplexo (1964)
Dora, Doralina (1975)
O Galo de Ouro (1985)
Obra Reunida (1989)
Memorial de Maria Moura (1992)
As Terras Ásperas (1993)



Telha de vidro (Poema)


Quando a moça da cidade chegou 
veio morar na fazenda, 
na casa velha... 
Tão velha! 
Quem fez aquela casa foi o bisavô... 
Deram-lhe para dormir a camarinha, 
uma alcova sem luzes, tão escura! 
mergulhada na tristura 
de sua treva e de sua única portinha... 

A moça não disse nada, 
mas mandou buscar na cidade 
uma telha de vidro... 
Queria que ficasse iluminada 
sua camarinha sem claridade... 

Agora, 
o quarto onde ela mora 
é o quarto mais alegre da fazenda, 
tão claro que, ao meio dia, aparece uma 
renda de arabesco de sol nos ladrilhos 
vermelhos, 
que - coitados - tão velhos 
só hoje é que conhecem a luz doa dia... 
A luz branca e fria 
também se mete às vezes pelo clarão 
da telha milagrosa... 
Ou alguma estrela audaciosa 
careteia 
no espelho onde a moça se penteia. 

Que linda camarinha! Era tão feia! 
- Você me disse um dia 
que sua vida era toda escuridão 
cinzenta, 
fria, 
sem um luar, sem um clarão... 
Por que você na experimenta? 
A moça foi tão vem sucedida... 
Ponha uma telha de vidro em sua vida!




Por Maria Helouise R. Fontolan

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